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História da Medicina Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma arte milenar da ciência natural de conhecimentos profundos e simples, a terceira medicina mais antiga, depois da Medicina Egípcia e da Medicina Babilônica, e hoje destacada como um dos patrimônios mais ricos da humanidade.

Um conjunto de práticas terapêuticas desenvolvidas na China faz parte de uma trajetória de mais de dois mil anos, com vivência e experiências desenvolvidas e adquiridas no dia a dia, passadas de uma geração a outra. A história da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) foi construída a partir de todas essas práticas que ocorreram da interação do homem com a natureza, e permeadas pela necessidade de manter o estado de saúde do homem, através dessa dinâmica relacional em busca de condições de equilíbrio ideais, determinando observações ininterruptas de eventos e resultados e, assim, gerando uma necessidade natural de se organizar conhecimentos.

O conhecimento básico da história da MTC começa pela teoria de Yin e Yang, formulada a partir da harmonia do universo, do equilíbrio entre a natureza e o homem. Os estudiosos da época a postularam como um equilíbrio de forças naturais opostas e complementares, como Dia e Noite, Sol e Lua, Água e Fogo, Montanha e Planície, Calor e Frio, Homem e Mulher, Trabalho e Repouso, Tensão e Relaxamento, Emoção e Rigidez, dentre tantas outras forças opostas e interdependentes.

O clássico de Medicina Interna é o mais antigo, que remete há 3.000 anos a.C., trata de um escrito de muitas alegorias, de grande profundidade e extensão, dividido em duas partes, onde encontra-se descrições de Yin-Yang, de Qi (energia) e de Xue (sangue), de Zang Fu (órgãos), dos cinco movimentos (elementos da natureza), enfim registros de causas e consequências de desequilíbrios energéticos, de avaliação terapêutica e dos pontos de acupuntura e os métodos para inserir as agulhas. Muitas dinastias sucederam-se e assim também novos escritos foram registrados.

Para sintetizar milhares de anos e registros, alguns resgates históricos serão destacados, que são relevantes para o objetivo proposto nesse estudo:

- Há mais ou menos 2500 a 2700 a.C. , duas obras que são pilares da MTC e contribuíram e tem contribuído até os dias de hoje de forma significativa para a prática, por tratarem dos primeiros escritos médicos concisos acerca da Medicina Chinesa, uma é A Medicina Clássica do Imperador Amarelo e a outra é o Clássico de Medicina Herbal (Dinastia Han e é considerado a primeira Farmacopéia Chinesa completa), obras do Imperador Amarelo Huang Di Nei Jing e Imperador do Fogo de Shennong Bencaojing, respectivamente.

-Período de Estados de Guerra, a filosofia Yin/Yang se tornou mais desenvolvida e o uso dos 05 elementos ou 05 movimentos (Fogo, Terra, Metal, Água e Madeira) também. Ambos eram usados para descrever as causas de doenças e passaram a ser ensinados nas escolas e registrados em livros.

-Hua Tuo (141 208 d.C.) da Dinastia Han Oriental peregrinou de uma cidade para outra realizando tratamentos, recomendava aos seus pacientes o exercício físico e movimentos que semelhantes aos de 05 animais como tigre, veado, urso, macaco e pássaro.                

 -O físico Sun Simiao (581-682 DC) que elaborou toda uma teoria baseada em suas experiências e vivências, deixou um legado para a MTC com a aplicação dela no código de ética. Acreditava que a prevenção da doença era a melhor maneira de curar uma pessoa, a vida podia ser prolongada com exercícios físicos regulares, de respiração (Qi Gong) e massagem terapêutica. Além disso, a história mostra outros avanços conquistados nas áreas de acupuntura, moxabustão e fitoterapia. Sun Simiao (rei da farmacologia ou rei das prescrições, especialista em preparações com plantas medicinais) determinou pontos essenciais de acupuntura, o tratamento aliado ao uso de plantas e apontou a moxabustão como tratamento a ser realizado antes dela.

-Chen Yan, em seu livro Sanyin Jiyi Bingzheng (A Treatise on Pathology) desenvolveu a teoria das três causas, onde existem sanyin, os 03 agentes patogênicos (endógeno, exógeno e os que não são nem um nem outro) que influenciam o corpo. Esses agentes são os causadores de desequilíbrio no organismo, que seria o descompasso entre o Yin e Yang, entre a energia vital (Qi) e o sangue (Xue) e até das funções dos órgãos e meridianos que geram a doença.

-Outras contribuições para a história e desenvolvimento da MTC foram do físico e poeta Yang Jie (1068-1140 d.C.) com suas ilustrações de autópsias de prisioneiros, e de Wang Weiyi (987-1067 d.C.) que, além de deixar um livro chamado Tingren Shuxue Zhen Jiu Tujing (Illustrated Manual of the Bronze Man Showing Acupuncture and Moxibustion Points), construiu estátuas de bronze do tamanho de um homem que continham 657 pontos de acupuntura cheios com água e fechados com cera que permitiam a indicação de acerto de um determinado ponto.

Com todo esse movimento de busca, tentativas, erros e acertos, temos hoje experiências preciosas que fazem parte de um sistema completo e complexo, um corpo teórico sistemático e de natureza filosófica, que abrange várias técnicas, tais como Fitoterapia Chinesa, Moxabustão, Ventosaterapia, Cranioacupuntura, Auriculopuntura, Massagem Terapêutica Tui Ná, Dietoterapia (alimentação terapêutica), Acupuntura Sistêmica, Pulsologia (diagnóstico pelo pulso), práticas como Qi Gong (Chi Kung) e Tai Chi Chuan, entre outros. Todos desenvolvidos e praticados no decorrer da história, indicando uma experiência única, empírica e científica ao mesmo tempo. O legado dessa história está aí para mostrar o seu valor e seu resultado terapêutico, que vem se popularizando e ocupando, cada vez mais, espaço no Ocidente.

 

Semíramis Brito de Sá Ferreira

 

*Referência bibliográfica na barra de tarefas.           

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